Mesmo ainda mergulhada no mistério do sono, já podia adivinhar o som estridente, inoportuno, impertinente, do despertador sem dó.
A chuva que lhe acompanhava o passo, o assobio gélido do vento na rua, o tom escuro de uma manhã em que as núvens mais pareciam novelos escuros e conturbados. Ela ainda não o poderia ver verdadeiramente. Mas começava já a senti-lo numa pequena angústia caprichosa ainda meio inconsciente.
Só mais um pouco, não pode ser, ainda há pouco senti o conforto do lençol macio e o alívio de me libertar do peso de viver e fechar os olhos inspirando uma vida repleta e ainda assim incompleta..., não pode ser hora de acordar... Estou demasiado dorida e cansada, os olhos teimam em fechar, a consciência teima em não chegar - ou em partir a todo o momento... Só mais um pouco no quente do edredão, na leveza do nariz a roçar a fronha da almofada, no calor do corpo tão perfeitamente distribuído... Tudo menos a realidade, tudo menos o dia, tudo menos o frio, tudo menos mais responsabilidade de vida.
Nada a poderia satisfazer mais que a simples constatação que nenhuma obrigação - assim mesmo: obrigatória - a iria arrancar do seu pequeno paraíso... Sim, hoje não.
Podes dormir até mais tarde... É algo que já só ouve por metade, mergulhada já no mistério de um sono tão desejado.
segunda-feira, janeiro 29, 2007
domingo, janeiro 14, 2007
Parabens para Mim!*
São 19 aninhos...
Comecei este blog por fazer 18 anos e por saber que "Ser Maior" é muito mais do que atingir a maioridade.
Sei que tento ser maior todos os dias. Ou quase todos. Às vezes.
Quero acreditar que gosto sempre de crescer. Porque é o que está certo. É por isso que tenho quem goste de mim. É por isso que me olho ao espelho e tenho orgulho.
(Só não sei porque dou por mim a desejar voltar ao que já não é. Mas só às vezes.)
Parabéns para mim*
terça-feira, janeiro 02, 2007
“Transforma o fraco em coisa forte: tudo se renova”
Acabou...
E já nem sei se as últimas lágrimas eram de dor ou de alívio... Provavelmente uma mistura de ambos.
Sei que fiz o que estava certo, o que no fundo sabia ser inevitável mas para o qual nunca tinha tido coragem.
Perguntaste se erraste e eu respondi que não era isso que estava em causa. E não é.
Eu amei-te e preciso amar-me a mim sem ti, sem o teu jeito, sem as tuas gargalhadas, sem as tuas palavras. Por isso não estou mais aqui para ti e quero tirar-te de ao pé de mim. Não estou zangada, não amuei. Só larguei o fio que me prendia a ti e usei a porta que sempre me recusei a ver escancarada à espera que saísse.
Talvez me tenhas magoado, sei que sim. Mas com o tempo não me vou lembrar. E talvez com o tempo possa voltar. Talvez quando puder ouvir-te sorrir sem sofrer por não ser para mim.
Acabou... Perdeste-me por fim. Bom ano para ti.
Subscrever:
Mensagens (Atom)