terça-feira, setembro 23, 2008

No Fundo, o Mundo É o Mesmo

É um lugar diferente, está claro. Mas o Mundo é o mesmo. 

Descalcam-se os sapatos quando se entra em casa, cada prédio tem uma lavandaria comum onde cada pessoa reserva o seu tempo no horário, acham que bacalhau é um peixe que sabe mal e só bebem café que mais parece água para lavar pratos mas, no fundo, o Mundo é o mesmo.

Estou num laboratório enorme, com 12 pessoas só no meu grupo (no prédio existem pelo menos 15 grupos), num lugar onde verdadeiramente se faz ciência, se publicam artigos, se discutem novas ideias para resolver problemas médicos... mas, no fundo, o Mundo é o mesmo.

Quando chego a casa, é preciso passar no supermercado, cozinhar, arrumar a cozinha, lavar roupa, deitar o lixo fora... Se saio para jantar fora, nao está ninguém à espera que eu volte para casa... mas, no fundo, o Mundo é o mesmo.

O que é diferente aqui é a minha vida, e meia dúzia de costumes. 

A Suécia, ou pelo menos Lund e Malmö, é um lugar muito bom para se estar. Tem parques enormes para descansar ou fazer desporto. Tem as vantagens de cidade, com a aparência de uma vila simpática. Os sabores na comida sao mais parecidos com os portugueses do que os espanhóis, creio, e a as pessoas nao sao diferentes. Bem, também me tenho relacionado com muitos estrangeiros - no laboratório, suecos sao só o Jonatan e a Professora Anna que mesmo assim tem origem polaca - mas mesmo assim nao me parece que esteja muito enganada. A única verdadeira diferenca será o facto de, aqui, as regras de cavalheirismo serem tao antiquadas como tradicoes da Idade Média - aconteceu-me algumas vezes esbarrar com o homem/rapaz que abre a porta por assumir que me ia dar passagem, por exemplo (lol).

O que é diferente aqui é a minha vida, portanto.

Mais ainda do que concretizar uma realidade profissional que idealizava, e que há tanto queria experimentar, este mês fez-me conhecer muito de mim mesma. Fez-me ficar mais conciente das capacidades que tenho, nomeadamente a naturalidade com que consigo viver por minha conta. E também me fez constatar - com ansiedade primeiro e com orgulho depois - o quanto estou ligada às "minhas" pessoas. Foi qualquer coisa que aconteceu nos últimos tempos. E é qualquer coisa que sinto que seja muito importante. Talvez nunca me sinta feliz a viver sozinha. Talvez nunca possa tirar o máximo partido dos prazeres da vida sem aqueles com quem partilho tudo... 

Mas sei agora que isso nao é falta de independencia, é só falta de autonomia. Nao sou autónoma, nem quero ser, porque gosto de estar acompanhada e de acompanhar os outros. Mas sou independente porque sei estar só comigo mesma.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Mais fotografias! =)
Só ontem é que me mudei, finalmente!, para o meu apartamento onde vou ficar a viver sozinha... Vou agora aventurar-me no supermercado e tenho de limpar algumas coisas. A verdade é que nunca tenho muito tempo. Acordo às 6h30, estou no laboratório (Este!) das 8h às 17h, demoro 45 min a chegar a casa e até hoje ou não tive vontade (porque não estava muito confortável) ou tempo de sair depois disso... Os fins-de-semana vão ser todos preenchidos com passeios como é obvio (este vou a Kalmar a cerca de 300km com a família do Rasmus) e quero ver se para a semana me encontro com o grupo de Erasmus que anda por cá para sair com eles algumas vezes...
No laboratório toda a gente é um espectáculo. A média de idades é muito mais baixa do que esperava. A própria Professora que me recebeu, chefe do grupo, não deve ter mais de 35 anos e é esta mulher que fala inglês com sotaque polaco, de cabelo vermelho, super sofisticada, despachada, acolhedora e pragmática... Tenho trabalhado mais com a Myriam, uma alemã que está cá à ano e meio e que deve ter perto de 30 anos, e o Jonatan, sueco com cerca de 25 anos. E tem sido um abuso! São dias super intensos e super cansativos... O tempo todo a falar inglês! O laboratório está equipadíssimo e é super profissional... Depois existe uma outra estudante de intercâmbio, espanhola, a Leticia que até já me convidou para um jantar com pessoal do laboratório em casa dela esta 6a - a que eu tenho muita pena de não ir porque vou para Kalmar - mas com quem combinei visitar uma ilha aqui próxima no próximo fim de semana.

Enfim... Pode parecer que está tudo espectacularmente bem - e tecnicamente está - mas ainda não estou completamente bem por cá... Talvez por ter acumulado muita pressão durante os primeiros dias por não ter casa e ter de fazer cerimónia com as pessoas com quem estava - ou talvez tivesse de acontecer de qualquer forma - mas a verdade é que não me tenho sentido tão bem como esperava, há momentos em que me apetece muito estar simplesmente em casa em Lisboa. Não sei se posso dizer que são saudades. É um desconforto, um sentir-me sózinha no meio de imensa gente, um ter vontade de falar Português com alguém.

Enfim, deve ser só uma adaptação que tem de acontecer! Mas sabe muito bem receber mensagens de todos vós e às vezes pode fazer a diferença num momento mais tristinho!...






terça-feira, setembro 02, 2008

Uma descoberta

Parece que cheguei à Suécia. Lund.

Passei o fim-de-semana numa casa de campo em Osby numa espécie de celebração de fim de Verão com a família do aluno encarregue de receber os estudantes de intercâmbio - o Rasmus. Tenho apanhado uns dos poucos - 66 - dias de sol por ano que há por cá (embora façam 5ºC à noitinha... parece o Alentejo no Inverno!). Neste momento, estou temporariamente a viver no apartamento do pai do Rasmus - a partilhar um quarto com a irmã dele, a Linnea - enquanto ele não encontra um quarto para mim noutro apartamento. Espero que aconteça depressa porque apesar de serem todos super prestáveis e simpáticos, gostava muito de começar a viver por mim...

Quando estiver mais instalada conto mais coisas. Queria só deixar aqui um ponto da situação e algumas fotografias. Hoje à tarde vou ao laboratório pela primeira vez...

(aqui está parte da família: ao meu lado está o Rasmus e em frente a irmã Linnea)(estas são as primas mais novas: ao meu lado está a Emma que foi adoptada na China)(no lado esquerdo está parte da casa e do lado direito o celeiro onde estivemos a ver filmes e a conversar até à meia noite...)