terça-feira, outubro 24, 2006

A Faculdade


Parece-me que adiei demais falar aqui deste novo mundo em que entrei.

No outro dia estava sentada no jardim a contemplar a fachada da faculdade à noite e encantei-me. A expressão é essa. Pela primeira vez desde que soube que tinha entrado, eu tive espaço dentro de mim para me felicitar. Para me sentir orgulhosa. Para medir o que significa para mim e para a minha vida estar aqui.

Gosto de todos os recantos, a faculdade é lindíssima, gosto de todas as cadeiras, mesmo do Prof. de Anatomia! O espírito que se vive aqui dentro é único. Agradeço muito a todos os Doutores e Veteranos que contribuiram para a recepção que tive a esta faculdade. Desde a Noite de Santana - cerca de 14 horas na faculdade com momentos como a procissão em volta da estátua do Sousa Martins e a actuação da Tuna - até ao Rally-tascas no Bairro Alto, passando pela ida à baixa, pelo peddy-paper pela cidade e pela visita à Quinta da Regaleira, em todas as actividades de praxe senti que todos estavam ali para ser rirem comigo e nunca de mim.

E conheci tantas pessoas que se torna impossível saber todos os nomes.

O meu caro padrinho e tios e tias e avós! Acolheram-me numa família fantástica! E os meus coleguinhas vermes! A minha prima que descobri agora! O pessoal do Grémio e da AE e tantos, tantos outros.

A verdade é que gosto muito disto, e acho mesmo que tenho à frente os melhores 6 anos da minha vida! Estou muitíssimo motivada para começar em força! Já deu para perceber que aqui tudo se consegue com muito trabalho. Olho à volta e encontro pessoas que na sua maioria eram dos melhores alunos das suas turmas no secundário. Aqui não há melhores alunos. Aqui não há quem não trabalhe. Mas também não se sentem rivalidades. E o espírito é sempre de partilha e ajuda. Sabe muito bem.

A minha vida pode não estar bem. E a maioria de vocês está cansado de me ouvir, portanto sabem bem porquê. Mas é um facto que tenho muita sorte por estar onde estou e ter o que tenho. Lutei por isto. Muito. E sinto-me com uma coragem e uma esperança renovadas. Vou para a frente com este curso, com a JS e com a Patinagem.

É quem eu sou. É a minha força.

Obrigada Amigos, por tudo!*

quinta-feira, outubro 19, 2006

?

O coração que bate a descompasso.
(Bate e deixa de bater, bate e deixa de bater...)
Não sei o que faço.
Constantemente inconstante. Dói. Não sei o que fazer.

:x

Cansaço?

"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço..."



"Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...

Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.

(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)

Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!..."

Álvaro de Campos

domingo, outubro 08, 2006

An Inconvenient Truth, indeed! =x



Talvez nos próximos dias tenha resistência moral e psicológica para fazer uma análise do filme.

Por agora limito-me a IMPLORAR-VOS - amigos inteligentes, privilegiados e jovens activos - que corram para assistir a este filme. É um dever cívico! Por amor a tudo o que nos rodeia e que acarinhamos tanto. Pelo sol que nos ilumina e inspira, pela água que refresca e diverte, pela terra que pisamos e nos alimenta. Por todas as paisagens. Pelo Mundo.

VÃO!

sexta-feira, outubro 06, 2006

May I Help You?



Este é apenas um pequeno post para agradecer a excelente semana que passei a contribuir com alguns sorrisos para a realização deste grande evento.

A verdade é que "we actually did it for the fun", literalmente. Foi muito bom poder conhecer e falar com tantas pessoas, de tantos lugares do mundo. Foi óptimo descobrir a simpatia e a gratidão nas palavras de todos. É excelente saber que posso, podemos, ter contribuído para que a semana destas pessoas tenha sido ainda mais enriquecedora.

Acima de tudo, não esquecerei esta semana pelo espírito que nós, 'May I Help You's, sempre tivemos. Por todas as gargalhadas. Pelos social events. Pelo hard work e pelo não tão hard work. Pelas cusquices e pelas conversinhas. Pela Rita e pela Francisca da MundiConvénios. Pela Megan!! Pelo maravilhoso jantar de gala para o qual fomos tão amavelmente convidados...

É muito bom saber que à volta do mundo há mais gente que luta para fazer dele um lugar melhor. Vancouver, Berlin, Amsterdam, Senegal, Melbourne, Venice, Switzerland, Ohio, New York... Foi daqueles momentos em que percebemos que não estamos sozinhos, de todo. É pena que tudo tenha de chegar ao fim... *

quarta-feira, outubro 04, 2006

Sao Duas e Meia da Manha...

Porquê ser perfeito? Porquê querer sê-lo?

Porquê esta tão irritantemente persistente e inconveniente obcessãozinha humana?

Só serve para nos fazer sentir culpados. Culpados por não sermos tudo o que sabemos que poderíamos ser, fossemos nós perfeitos. E começamos a viver para os outros e em função do que acreditamos ser a perfeição e quando descobrimos que não o somos, que não o fomos, que não a encontrámos ou que não existe... Não resta nada.

E o nada é pior que tudo.

É pior que a dor e a frustração. É pior que a culpa. É pior do que a desilusão e do que a angústia. Porque não sentir nada é não ser humano. É falhar ou passar ao lado da vida. A vida que é no fundo a única coisa que verdadeiramente existe. Porque depois dela ou além dela não há nada de facto.



Tudo vai, definitiva e invariavelmente, correr bem. Porque no final tudo corre bem. E tudo está bem quando acaba bem. A questão é que, embora saibamos que eventualmente tudo se vai resolver, ficamos sempre na dúvida se isso vai ou não acontecer por causa de algo que façamos nós próprios. E essa dúvida traz mais angústia.
Bolas para isto! Começo por achar que não vale de nada angustiar-me porque tudo há-de correr bem mas acabo angustiada por não saber se depende de mim fazer alguma coisa e, dependendo, que coisa será essa...

Isto tudo porque quero, queres, queremos ser perfeitos. E nunca vamos poder sê-lo. Porque ninguém é perfeito. E com esta atingi o limite de frases feitas que posso usar.

É perigoso ser feliz. Sim. E depois? Não podemos ser sempre felizes. Sim? Bem... Sim. Mas e depois? Sofrer faz-me diferente. Sim. E depois? Viver implica errar, implica escolher e escolher errar, implica pensar, implica sentir, implica carregar fardos, implica lutar para os tornar mais leves, implica crescer... É bem melhor sentir que errámos muito do que pensar que não vivemos nada.

Nem os teus olhos são perfeitos mas só por isso preenchem tão bem o espaço que ocupam. Aí. Aqui. Em todo esse mundo que queremos ver ser um lugar melhor.

I'm like a parrot. Can a parrot face a lion?