segunda-feira, abril 24, 2006

Ser Jovem, Ser Menos?

É claro que ser jovem é um estado de espírito e que “quem não acredita na idade, não envelhece até ao dia da morte” como dizia Márcia Haydée, mas nós que somos de facto jovens e gozamos dessa sensação magnânima que é ter toda a vida pela frente para poder fazer dela o que quisermos também não nos podemos descuidar.

Parece-me que a palavra “respeito” é quase sempre abusiva neste contexto. Os pais e os professores são, sem dúvida, os exemplos mais comuns: devem ser respeitados. Mas se os respeito não o faço por serem mais velhos – porque não me parece que isso em si seja condição suficiente. Respeito os meus pais porque me ensinaram valores que preconizo: se não estiverem a ser justos ou razoáveis, se eles próprios estiverem a desrespeitar as “regras do jogo”, será que não tenho direito de os chamar à atenção só porque são os PAIS? Que história é essa de respeito? Seguidismo? Acriticismo Selectivo? O mesmo se passa com professores: a partir do momento que numa discussão um dos interlocutores parte do princípio que a sua opinião será mais válida pelo mero exercício de certo papel então não há discussão possível e não se vai a lado nenhum.

Odeio que me digam que penso assim exactamente porque sou jovem e portanto tenho a mania que sei tudo. Acho que quem nos critica dessa forma já esqueceu tudo isto por comodismo e tem o máximo interesse que nós o esqueçamos também, e depressa, para não se sentirem tão medíocres.

Se queremos uma sociedade justa é necessário que esses valores sejam implantados desde cedo. Longe de mim negar a importância dos nossos tutores, longe de mim ser arrogante ao ponto de não querer absorver todo o conhecimento dos que pela experiência sabem mais que eu. Simplesmente gostava que se compreendesse que os jovens têm algo para dar em troca desta experiência: temos a capacidade de sonhar, não fomos ainda imobilizados pela desilusão, somos mentes mais abertas ao que é novo. Por tudo isso devíamos ser iguais.

É um escândalo que tenhamos de ser passados à frente em filas de espera, como se fossemos menos que todos os restantes – será que o nosso tempo é menos valioso? É inadmissível que a nossa opinião valha menos porque somos mais novos tal como o é não termos direito a dizer “Desculpe mas está errado. Não é assim que se faz” – porque há-se ser arrogância o que nos mais velhos é ensino?

Acho que existem umas quantas pessoas por aí que deviam valorizar mais o que os jovens representam nesta sociedade envelhecida, afinal é “nos olhos do jovem que arde a chama”.(Victor Hugo)

domingo, abril 23, 2006

Da que pensar...

Dia 25 de Abril de 1986, 2 anos antes de eu nascer, ocorreu o maior desastre nuclear da História - Chernobyl.

Confesso que nunca tinha tomado consciência das consequências actuais deste desastre com 2 décadas. Agradeço aos autores de uma grande reportagem Sic/Expresso o estímulo. De facto é arrepiante ver imagens de cidades fantasma; relatos de sobreviventes que, mais que a vida, querem a sua própria terra; números de vítimas e doenças que se perdem nos zeros que têm... O esqueleto de um monstro que é a actual central, mal protegida, que todos os dias ameaça o mundo como um vulcão activo... E esse assassíno invisível que não podemos limpar, do qual não nos vemos livres... Radiações incolores, inodoras, não palpáveis...

Mas as crianças... Aquelas que ainda hoje, e por mais gerações, nascem doentes e condenadas...

Mesmo assim, o que mais me impressionou não se manifestou negativo. O tratamento dado a estas crianças ucranianas é, há 20 anos, prestado em cuba, num espaço hospitalar de 11 km2, com resultados espantosos. Compreende-se que este acordo tenha ocorrido (já que Cuba é reconhecida pelos seus técnicos médicos) no tempo da URSS, mas alegra-me constatar que se manteve mesmo depois desta ser extinta.

A dada altura mostra-se a parede de uma ucraniana que exibia as bandeiras ucraniana e cubana tal como Fidel Castro e Victor Yushchenko. Comunismo e Capitalismo. Revolução Vermelha e Revolução Laranja. Tudo sintetizado no desejo e carinho profundo de uma criança que, como eu, não esteve cá para assistir à explosão avassaladora e ao incêndio que demorou 10 dias a extinguir que espalhou essa doença que a apanhou...

Mas e que dizer do bom coração das pessoas e da esperança deste exemplo humanitário? E quando os que nos acostumámos a chamar ditadores se demonstram um exemplo do que queremos para o mundo? Dá que pensar...

sábado, abril 22, 2006

Ainda temos remedio? (II)

O mundo está doente...

Tanta miséria e decadência
Tanto mal e infecção
Que é feito do bem, da inocência?
E dos que pensam... (pensarão?)

O mundo está doente, e que remédio?
É a fome e a guerra, o petróleo e o dinheiro
É o rico, o pobre e o intermédio
É o novo e o velho, é o mundo inteiro!

E ainda assim, olhando à volta, ainda há quem,
nada veja, de nada se aperceba... Onde!?
Que é dos olhos que vêm bem?
Que é do bem que dos olhos se esconde?

Se a Terra se revolta tem razão,
Há muito que perdemos o controlo da situação...
Mais que comer os frutos da árvore proibida
Atentamos todos os dias contra a própria vida!

O riso, a felicidade e a música do coração, existem...
E estão ao alcance de um olhar mais atento
Existem em homens que não desistem
Existem nos homens que são bons por dentro.

Não acredito numa condenação,
Sei (saberei?) que o bem há-de vencer
O remédio na minha opinião,
É agir, agitar, mover!

Por favor!?... Sim??

Ainda temos remedio?

Estes são alguns dos vencedores da última edição do World Press Photo... Olhem, vejam, deixem-se tocar... Ainda temos remédio? Ainda há esperança?...

Legenda (por ordem):
Michael Appleton, USA, New York Daily News:Hurricane Katrina aftermath, New Orleans,30 August-5 September

Chris Hondros, USA, Getty Images:Young girl grieves her parents killed by US patrol, Tal Afar, Iraq, 18 January

Lucian Read, USA, World Picture News:US Marines in Iraq

David Høgsholt, Denmark:Mia, drug addict and prostitute

Finbarr O'Reilly, Canada, Reuters: Mother and child at emergency feeding center, Tahoua, Niger, 1 August

Rafiq Maqbool, India, The Associated Press:Earthquake survivor waits for medical help, Kashmir, India, 9 October

David Guttenfelder, USA, The Associated Press:Father and son in field hospital, Muzaffarabad, Pakistan, 30 October

Yannis Kontos, Greece, Polaris Images:Boy helps his father to dress, Sierra Leone
















quinta-feira, abril 13, 2006

Porque "Os Politicos NAO Sao Todos Iguais"

Dizer que "os políticos são todos iguais" ou que "não gosto de política" é a maior barbaridade que tenho ouvido nos últimos tempos.

Ao cidadão comum, chamemos-lhe assim, não é pedido que seja militante activo de um partido ou juventude, nem sequer que domine todos os desenvolvimentos e movimentações da cena política nacional e mundial. "Saber de política" não é reconhecer o Presidente da Comissão Europeia (embora seja ridículo que 80% dos alunos numa escola secundária da capital com boas condições de vida não o façam). "Saber de política" não é tão pouco dominar as artes da oratória e argumentação. "Saber de política" é apenas e tão pouco Pensar, Ser Crítico e Não Deixar Os Outros Decidir Por Nós.

É crucial que os jovens em especial, simplesmente porque são o futuro da nossa nação e do mundo, compreendam que a política - por mais que, infelizmente, muitos que a representam se prestem a papéis que a desprestigiam e denigrem - não é algo nojento e repelente. A política é inerente e constitui a própria sociedade humana. O homem, como ser social, é forçado por vontade própria, passo a contradição, a estabelecer inúmeras relações com os que o rodeiam. É assim que se concebe o amor, o ódio, a amizade, a inveja... Tudo sentimentos humanos que só fazem sentido num contexto em que existam objectos-alvo: Outros. Sendo nós tantos, com certeza regras e normas terão de existir. Ora a única forma de todos nos conciliarmos - o que se quer para si e para todos, o que se defende, no que se crê, o que se rejeita, o que se Pensa - é discutindo, interagindo, dialogando: ora cedendo, ora afirmando convicções - assim temos nós, "bicho da terra tão pequeno", procurado (não sem um rol de erros grotescos e atropelos monstruosos) organizar a nossa vida.

Foi assim que nasceu a política! "Política" nomeia essa relação global da sociedade que inclui todos os seus membros. Quando se é ultrapassado numa fila de autocarro e se argumenta a falta de civismo, quando se toma uma ou outra posição, está-se constantemente a fazer política!

Posto isto é urgente que todos compreendam porque ser recenseado e votar é um dever cívico, além de um direito. Quem não vota e não é crítico em relação ao que o rodeia é como quem não pensa, são coitados que não merecem queixar-se do estado das coisas, diria mesmo que deviam ter vergonha de abrir a boca para criticar quem quer que fosse se foram eles próprios os primeiros a falhar. Se se acha que os políticos não prestam há que provar que se pode ser melhor.

Calados ainda deixamos de saber falar!

segunda-feira, abril 10, 2006

As "curtes"

Não é estranho a qualquer jovem, ou adulto honesto que se lembre do que é ser jovem, o conceito de "curte", ainda que em outros tempos não se chamasse assim. A ideia de uma relação que dura pouco, uma noite mesmo, livre de compromissos e certezas, torna-se apelativa a muitos e repugnante para outros. A minha ideia é relativizar as coisas.
Pessoalmente, acho ultrajante e pouco digno do ser humano ceder a impulsos meramente físicos e portanto muito mais animais do que espirituais, logo a ideia de "comer uma gaja(o)" numa discoteca quando se sai à noite só porque é "mesmo boa (bom)" causa-me repulsa.
Mas na minha recusa encontro um tipo de curtes, chamemos-lhe assim, que não só contribuem para um melhor auto-conhecimento como para o estabelecimento de relações mais saudáveis. A "curte" que se estabelece entre duas pessoas que sentem uma determinada ligação emocional mas na qual não identificam futuro com certeza é definitivamente saudável. A segurança de não se estarem a comprometer ao ir dando pequenos passos, permite às pessoas irem-se apercebendo do que sentem aos poucos e construirem a relação devagar. Ou seja, nada melhor numa fase como a adolescência em que poucos são os que sabem o que querem da vida. Constrói personalidade, não assusta... Além de que a lisonja nos eleva a auto-estima, todos sabemos disso!
Mesmo assim mantenho as minhas reservas. No entanto, são reservas que não são inerentes às "curtes" mas sim às relações em geral. Há quem diga que quem "curte" não é honesto ou está a ser cobarde. Não concordo. Isto partindo do princípio que é claro para ambos a natureza da "experiência" (basta um estar "enganado" para resultar na maior barraca!). Há também quem diga que o perigo que acarreta é demasiado grande e que nao se brinca com sentimentos. Mas o que fazemos nós a vida toda? Corremos riscos, tentamos e falhamos, e errando evoluimos e à partida tudo o que fazemos tentamos fazer bem, certo?...

domingo, abril 09, 2006

Ser Maior

"Sê a mudança que queres ver no mundo" Mahatma Gandhi

Começar a escrever este blog é parte da minha estratégia para não perder (ou recuperar) o hábito de escrever em si. Chamo-lhe "Ser Maior" com um duplo sentido: logicamente porque fiz 18 anos há pouco tempo mas principalmente porque quero muito ser maior de verdade e ver quem me rodeia sê-lo também. Aqui deixo então os meus pensamentos para quem os quiser apanhar e crescer comigo...